Governo carimba documentos como 'secretos' para driblar Lei de Acesso
Ministérios usam exceções para reclassificar papéis que antes tinham livre acesso a consulta
POR ALANA RIZZO, RAFAEL MORAES MOURA , FÁBIO FABRINI - Para o jorntal O Estado de S.Paulo
Para driblar a obrigação de divulgar dados públicos,
imposta pela Lei de Acesso à Informação, o governo está reclassificando
documentos como sigilosos. Antes de livre consulta, os papéis estão
ganhando carimbo de reservados após a entrada em vigor da norma, em 16
de maio, sem justificativa legal, com o propósito de adiar a divulgação
por até 25 anos.
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Os ministérios baseiam-se nas exceções previstas no texto legal,
apesar de a Lei de Acesso ressaltar que a transparência é regra. Entre
os argumentos mais usados está o risco à "segurança da sociedade ou do
Estado", à qual os órgãos públicos se apegam até para negar dados de
convênios prosaicos, firmados diariamente pela administração.
O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) usou essa justificativa
para que o Estado não tivesse acesso a dados de parceria firmada com
entidade sem fins lucrativos do Rio de Janeiro, cujo objetivo era a
simples realização de palestras e cursos de acessibilidade para
facilitar a inclusão de pessoas com deficiência.
O processo requisitado contém dados da contratação, que custou R$ 1,5
milhão ao erário. A decisão de negá-los partiu da diretora do
Departamento de Ações Regionais para Inclusão Social, Renata Maria
Gonzatti, que impôs ao processo sigilo de três anos, renovável por mais
três - a lei, no entanto, prevê prazo mínimo de cinco.
Numa resposta lacônica, ela não explica qual seria, no caso, a ameaça
à integridade social ou do Estado. Na prática, a medida igualou o
convênio aos documentos que tratam de questões relativas à soberania
nacional, às relações internacionais ou às atividades de inteligência do
Brasil.
"É uma resposta picareta, tão patentemente absurda que beira ao
cinismo", critica Cláudio Weber Abramo, diretor executivo da ONG
Transparência Brasil, entidade que participou da elaboração do texto
que, após discussões no governo, deu origem à nova legislação.
Finalidade. Para ele, o abuso do mecanismo de reclassificação
contraria o que a lei estabelece e as diretrizes que o próprio Planalto
afirma, oficialmente, ter dado aos seus organismos: "Esse tipo de
comportamento tem a finalidade de esconder informação e quem esconde
tem, geralmente, um motivo para isso. Podemos não saber qual é, mas
tem".
Vinculado ao Ministério da Educação (MEC), o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) negou acesso ao resultado de uma
auditoria já concluída. O documento foi classificado como reservado em 4
de junho deste ano, 20 dias após o Estado ter solicitado cópia da
auditoria e prazo final para que o órgão respondesse ao pedido.
O auditor chefe do órgão, Lúcio Meira de Mesquita, alegou que o
resultado da investigação interna é considerada imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado por comprometer atividades de
inteligência. O presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, aceitou o
argumento e estipulou em cinco anos o prazo de restrição ao documento,
que trata de irregularidades em contratos públicos.
Estranhamento. Questionada, a Controladoria-Geral da União (CGU),
guardiã da Lei de Acesso no governo federal, diz que não pode se
pronunciar sobre casos específicos, por ser instância de recursos
relativos aos pedidos. Mas, nos bastidores, auditores do órgão,
consultados sobre as negativas do MCT e outros órgãos, demonstraram
estranhamento.
A Lei de Acesso completou ontem um mês em vigor. Balanço da CGU
mostra que, até a última quinta-feira, mais de 10 mil pedidos foram
apresentados. Desse total, 6.964 ou 69% foram respondidos. Em cada dez
respostas, uma foi favorável aos pedidos, segundo a estatística.
Contudo, nem sempre a informação solicitada é apresentada na
integralidade. Em todas as situações em que o atendimento não é
satisfatório, o pleiteante pode recorrer em duas instâncias
administrativas.
3 comentários:
Seis anos depois, de que adianta se a lei não foi respeitada e o Lula não foi impedido de disputar as eleições. Está lá na lei com todas as palavras: o candidato é responsável por sua campanha e pelos atos dos participantes de sua campanha, mesmo que não saiba o que está acontecendo.
Num instante em que o PT inquieta-se com a proximidade do julgamento do mensalão no STF, um segundo fantasma ressurge do passado para assombrar a legenda na eleição municipal de 2012. Sem estrondos, o juiz federal Paulo Cézar Alves Sodré, titular da 7a Vara Criminal da Seção Judiciária de Mato Grosso, abriu há quatro dias uma ação penal contra os petistas envolvidos no caso que ficou conhecido como escândalo do Dossiê dos Aloprados.
Só assim Maluf pode prestar um excelente trabalho de exclusão ou morte política de Lula e sua ditadura Petista.
Só falta a Dilma indicar Paulo Maluf para um outro Ministério, por que preposto ele já indicou e foi nomeado na última sexta feira. Essa foto vai circular por muitos anos ou melhor até o enterro do PT.
Maluf, ex-persona não grata do lulopetismo, sabe que essa foto funcionará contra e que José Serra lhe será grato. Erundina que o diga...
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