Além
de estar encrencado na Justiça Eleitoral – onde é acusado de ter feito gastos
abusivos e irregulares durante a campanha de 2014, que podem levar à cassação
de seu mandato –, e também na esfera criminal, onde é investigado pela Operação
Acrônimo, da Polícia Federal, que o acusa de ter sido beneficiário de um
esquema de pagamento de propinas quando era Ministro do Desenvolvimento –, o
governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT, acaba de se tornar também
personagem do esquema que desviou recursos da Petrobras para financiar a
campanha da também petista Dilma Rousseff à presidência da República.
De
acordo com reportagem da capa da revista VEJA desta semana, no começo de 2015,
Pimentel foi emissário de um recado para a presidente Dilma Rousseff, enviado
por Emílio Odebrecht, dono da Odebrecht, uma das empresas integrantes do cartel
que, de acordo com a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, desviou recursos
da Petrobras e pagou propinas a políticos e outras autoridades públicas.
Segundo a VEJA, no “recado” que Pimentel levou a Dilma, Emílio Odebrecht a
advertia do risco de que os pagamentos feitos pela Odebrecht ao marqueteiro
João Santana no exterior fossem descobertos caso a Operação Lava-Jato atingisse
a construtora. “Emílio exigia blindagem, principalmente para evitar a prisão de
seu filho Marcelo, sob pena de revelar às autoridades detalhes do esquema
ilegal de financiamento da campanha à reeleição (de Dilma)”, afirma a matéria.
De
“garoto de recados” a cúmplice
As
preocupações de Emílio Odebrecht acabaram se confirmando. Em 19 de junho de
2015, seu filho Marcelo, presidente do Grupo Odebrecht, foi preso pela Polícia
Federal acusado de ser um dos mentores e um dos principais operadores do
esquema de corrupção conhecido como “Petrolão”. Desde então, ele está em cana.
Na semana passada, a situação do clã Odebrecht piorou ainda mais com a
revelação de que o marqueteiro de Dilma, João Santana recebeu 3 milhões da de
dólares da Odebrecht em pleno ano eleitoral de 2014. “Sobram indícios e
depoimentos que dão conta de que Dilma se beneficiou, no terreno eleitoral, do
dinheiro sujo do Petrolão”, afirma a reportagem da VEJA.
A
revista lembra que as primeiras evidências de que a Odebrecht tinha drenado
recursos desviados da Petrobras para a campanha de Dilma foram encontradas em
anotações no telefone do próprio Marcelo Odebrecht, confirmando o que seu pai,
Emílio, relatara antes a Fernando Pimentel: “Liberar para o Feira (…). Dizer do
risco cta suíça chegar na campanha dela”. De acordo com a PF, “Feira”, seria o
codinome de Mônica Moura, mulher de João Santana. Com a prisão na semana
passada deste casal, novas informações vieram à tona e fortaleceram ainda as
ações impetradas pelo PSDB junto ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pedem a cassação do mandato de Dilma
Rousseff.
Já a
revelação de o governador petista Fernando Pimentel atuou como “garoto de
recados” de Emílio Odebrecht – com quem conviveu bastante no período em que foi
ministro do Desenvolvimento – o coloca, no mínimo, na condição de cúmplice do
tal “esquema de ilegal de financiamento da campanha de reeleição de Dilma”, que
o empreiteiro prometeu denunciar. Caso Marcelo Odebrecht resolva aderir à
delação premiada – para sair da cadeia ou pelo menos amenizar a pena –, como já
está sendo admitido nos bastidores da construtora, o governador de Minas pode
ser arrastado irreversivelmente para o “olho do furacão” da Laja-Jato. É apenas
uma questão de tempo.
Confira
abaixo a íntegra da matéria “Acarajé na campanha”, da revista VEJA.