Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Jornalista formado pela FAFI-BH,especializado em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela ESPMG. "O Tribunal Supremo dos EUA decidiu que "só uma imprensa livre e sem amarras pode expôr eficazmente as mentiras de um governo." Nós concordamos."

24 julho 2007

A BOLSA E A VIDA PELO PRIVILEGIO

Há cinco anos, viajar de avião era privilégio de rico. Deixou de ser depois que o preço das passagens caiu drasticamente. Mesmo o apagão aéreo dos últimos seis meses, que trouxe atraso nos vôos e confusão nos aeroportos, não foi capaz de ameaçar essa expansão de rotas e passageiros. A verdadeira prova de fogo para o setor é agora, depois do trágico acidente do Airbus A320 da TAM.

O próprio governo admite que as medidas estudadas para conter o tráfego de aeronaves no Aeroporto de Congonhas levarão ao aumento nos preços das passagens. Segunda-feira de manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com a coordenação política de seu governo. Ninguém fez comentários diretos sobre o assunto, até para não incentivar as companhias a aumentar as tarifas. Mas todos os presentes à reunião concordaram que haverá perda de receita para as empresas – que, conseqüentemente, compensariam elevando as passagens. As companhias, por enquanto, evitam falar sobre o assunto.

Participaram da reunião o vice-presidente José Alencar e os ministros da Justiça, Tarso Genro, da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo e das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guias. Eles avaliaram que, além de preços mais altos, ocorrerão transtornos aos usuários do transporte aéreo.

Tudo isso graças à redução do movimento em Congonhas. Governo e especialistas concordam que o aeroporto paulista está sobrecarregado e que, ainda que isso não tenha relação direta com o acidente do Airbus na semana passada, traz uma ameaça real à segurança dos vôos. As alternativas passam pela transferência de rotas para outros aeroportos e a construção de uma terceira pista no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, entre outras medidas estudadas – todas elas, a propósito, enfrentam obstáculos reais (veja quadro abaixo).

O problema é que Congonhas é parte vital do movimento de recuperação do setor aéreo nos últimos cinco anos. O aeroporto é base central das operações da Gol e da TAM, responsáveis por cerca de 60% dos pousos e decolagens feitas no país. Graças a isso, as duas se puseram entre as companhias mais lucrativas do mundo. Um exemplo: há cinco anos, cada aeronave voava cerca de seis horas por dia; hoje, esse número mais do que dobrou, chegando a 14 horas diárias.

Algo que só é possível porque Congonhas tem demanda suficiente para atender tantos vôos. Algo difícil de ocorrer nos outros aeroportos. A dúvida agora é saber se o Aeroporto Tom Jobim, no Rio, ou o Tancredo Neves, em Confins, teriam condições de absorver os pontos de distribuição localizados atualmente em Congonhas. Os especialistas ainda não têm essa resposta na ponta da língua.

Ações do setor em queda

O impasse é uma ameaça ao ritmo acelerado vivido pelo mercado brasileiro de aviação, que tem crescido três vezes acima do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Para Giancarlo Beting, consultor do setor e editor do Jetsite, um site especializado em aviação (www.jetsite.com.br), acidentes como o da semana passada, em geral, “machucam” todas as empresas aéreas. As conseqüências para as companhias já são visíveis, e vão além da imagem da TAM. Somente na semana passada, a ação preferencial (PN, sem voto) da TAM recuou 17,22%, enquanto a da Gol caiu 9,38%. Detalhe: no mesmo período, o Ibovespa subiu 0,12%.

Na segunda-feira, quando o índice Ibovespa avançou 1,03%, os papéis da TAM voltaram a cair: 1,18%, negociados a R$ 54,35. As ações PN da Gol também fecharam em queda: 2,47%, a R$ 50,76.

“O problema é que as alternativas estudadas são problemáticas”, diz Beting. A mais imediata e, a princípio, menos onerosa delas, a que prevê transferência de vôos para Cumbica, em Guarulhos, também sofre obstáculos. “Temos dois problemas aí: o primeiro é que há limites para novas rotas em Guarulhos, e esse aeroporto é muito afastado do Centro de São Paulo, o que inibiria passageiros”, afirma o especialista.

Outro consultor do setor, Ernesto Klotzel, acrescenta que a construção de uma terceira pista em Cumbica aumentaria a capacidade de receber pousos e decolagens. “Mas aí teríamos o problema do terminal, que ficaria insuportável de tão cheio”, diz Klotzel.

A alternativa Guarulhos encontra em Minas um bom incentivador. A transferência dos vôos principais do Aeroporto da Pampulha para Confins, apesar dos protestos iniciais, obteve relativo sucesso. Há dois anos e meio, Confins trabalhava com um índice de ocupação modestíssimo, de 10% de sua capacidade total (5 milhões de passageiros por ano). A previsão da Infraero é de que o aeroporto encerre este ano com um movimento de 4 milhões de passageiros, ou 80% da capacidade.

2 comentários:

Cristina Lima disse...

é inacreditável.
Uma grande empresa, o governo, os bancos , nenhum deles podem arrecadar alguns milhões a menos. Mas nós podemos pagar sempre mais.

Ricardo Rayol disse...

É meu amigo, o que é interessante é que gastaram uma baba na reforma daquela bosta mesmo sabendo que estavam no gargalo.,