Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Jornalista formado pela FAFI-BH,especializado em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela ESPMG. "O Tribunal Supremo dos EUA decidiu que "só uma imprensa livre e sem amarras pode expôr eficazmente as mentiras de um governo." Nós concordamos."

14 julho 2007

AS BESTAS DA BARRA E SUA "DIVERSÃO"SINISTRA

A sociedade deve um abraço apertado
e um sincero pedido de desculpas a Sirley Dias

Por Cora Rónai
Não gosto de futebol, mas entendo perfeitamente que milhões de pessoasachem muito divertido ir aos estádios ou sentar em frente à televisãopara acompanhar jogos e campeonatos. Também detesto escalada, mas não édifícil imaginar por que tanta gente se diverte escalando; ou fazendocrochê, ou participando de maratonas, ou jogando sudoku, ou indo abingos, ou se jogando em raves, ou curtindo tantas outras atividadesque não chegam a se enquadrar no meu conceito de diversão.Mas, por mais esforço que faça, não consigo -- mas não consigo mesmo --imaginar como alguém se diverte massacrando outro ser vivo.
Tenho pensado nisso desde que li que cinco criaturas, supostamentehumanas, pararam o carro num ponto de ônibus para agredir uma mulherindefesa, a quem não conheciam e que não lhes tinha feito qualquer mal, apenas para se divertir; nem percebo o que há de tão engraçado na cenapara que o inocente do grupo tente escapar à punição que merecealegando que chutar não chutou, apenas ficou de lado, confessadamente"rindo e debochando".Pergunto: isso é uma reação normal? Ou eu é que vivo num outro mundo, enão estou acompanhando os novos tempos? É engraçado ver uma mulher,humilde ainda por cima, apanhando, desesperada, de quatro marmanjos?!É divertido chutar alguém? É bom causar sofrimento? Distrai? Relaxa?
De onde vem o barato, dos gritos da vítima ou dos pés que deformam orosto?A impunidade, essa praga que sufoca o país, tem sua parte na história,mas não lhe muda a essência. Não é porque "não vai acontecer nada" quealguém tem prazer em espancar uma criatura mais fraca; é porque nãoguarda mais qualquer vestígio de bons sentimentos, qualquer sinal decompaixão, qualquer capacidade de se pôr no lugar do outro.
A cadeia,em um caso desses, serve para proteger a sociedade de indivíduos que,obviamente, não estão preparados para conviver com os demais; mas não osprotege de si mesmos, ou do seu fracasso como seres humanos.Deu no jornal: o padrasto de Felippe de Macedo Nery Neto declarou aodelegado que o enteado ganhara o carro usado pelo grupo dois diasantes.Declarou também que ele sofre de déficit de atenção e hiperatividade,seja isso o que for, e que toma dois remédios de venda controlada, comose fosse alguma espécie de atenuante. Não é.
Todos conhecemos pessoasque tomam medicamentos de venda controlada, e que nem por isso saem poraí atacando desconhecidos. Por outro lado, se a moléstia dessa besta étão incapacitante, que se aplique punição também a quem a deixa soltae, ainda por cima, lhe põe um carro nas mãos.Felippe, vale lembrar, foi o mancebo que declarou à polícia terconfundido Sirley com uma prostituta -- exatamente como Tomaz deOliveira, Max RogérioAlves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso de Vilanova, que hádez anos atearam fogo ao índio Galdino e, em sua defesa, alegaram tê-loconfundido com um mendigo.Aliás, quanto mais os pais dos agressores se manifestam, mais clara ficaa origem do comportamento dos monstros que criaram.
No mesmo jornal quetrazia o depoimento do padrasto de Felippe, Ludovico Ramalho, pai deRubens Arruda, fazia um retrato falado da decomposição social do país:-- Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa. Mas não éjusto manter presas crianças que estão na faculdade, estão estudando,trabalham.Não concordo com a prisão na Polinter, ao lado de bandidos.Vão acabar com a vida deles. Peço ao juiz que dê uma chance aos nossosfilhos.Depois, explicou que Sirley estava cheia de hematomas por ser mulher, e"ficar roxa com apenas uma encostada". Suponho que ele tenha dadomuitasencostadas em mulheres para falar com tal conhecimento de causa. Sinceramente? Tenho pena dos bandidos da Polinter, que serão obrigados aconviver com essas "crianças", esses mauricinhos psicopatas que seconsideram tão superiores.O que aconteceu com Sirley não foi uma atrocidade ocasional.
Empregadas que têm a infelicidade de esperar condução no horário em querubens e felippes voltam das noitadas são invariavelmente humilhadaspor esses cretinos motorizados, que diminuem a velocidade das máquinasquando passam pelos pontos de ônibus:-- Vai trabalhar, paraíba! -- gritam os inúteis. -- Tem que ralar mesmo,mocréia!Como em geral fica só por isso, elas engolem a mágoa e não dizem nada.Quando dizem, revelam-se acostumadas, como se fosse possível a alguémacostumar-se à maldade e ao preconceito....
Rubens Arruda, Felippe de MacedoNery Neto, Leonardo Andrade e Júlio Junqueira. Guardem esses nomes! "

2 comentários:

Anônimo disse...

se a lei fosse devidamente aplicada não teríamos de ver e ouvir essas barbaridades

Anônimo disse...

pior que não da em nada...