Por Chico Nascimento
Está em discussão acirrada – ao
mesmo tempo, camuflada e obscurantista - em algumas câmaras municipais
brasileiras, em nossos dias, a chamada “Ideologia de Gênero”, uma proposta de
cunho marxista que está deixando preocupada a maioria dos bispos católicos,
principalmente de dioceses interioranas. E não é para menos, por se tratar de
um assunto que põe em risco iminente a família, a comunidade e até a nação.
Pior ainda, assunto debatido por gente – em boa parte, bastante leiga e
despreparada e que forma a maioria dos nossos vereadores - que irá interferir
na educação de nossas crianças através dos planos municipais de educação, o
PME.
Trata-se de um ideário que nem
discussão merece, abominável que é em sua essência, descabida quanto a
natureza, razão e ciência – sem falar nos fundamentos bíblicos, religiosos,
éticos e morais. Essa ideologia estabelece que o homem e a mulher não se diferem pelo sexo,
mas sim pelo gênero, sendo que este não possui “base biológica”, apenas
sociocultural. Até
a pouco tempo falar de gênero era distinguir o masculino do feminino e
vice-versa. Agora resolveram ampliar e diferenciar essa concepção de gênero,
causando uma profunda confusão de conceitos, princípios e regras. É uma infernal
teoria que veio para atazanar a cabeça das pessoas.
De acordo com essa ideologia – também conhecida como
“Ideologia da Ausência de Sexo” ou “Identidade de Gênero” – prega a autonomia
da pessoa na definição da própria sexualidade. Noutras palavras, a criança
nasce sem sexo definido, e quem decidirá sobre sua orientação sexual, ou seja,
se será homem ou mulher, gay, lésbica, bi ou heterossexual no futuro é a
própria pessoa. E, por consequência, isso é que definirá os papéis sociais,
isto é, o que cada pessoa quer ser e fazer na vida, não só em termos
profissionais.
Assim, em alguns países como a Holanda e Suécia já existem escolas para crianças, onde não se pode
chamar o aluno de menino ou menina, chama-os apenas de crianças, porque eles
devem decidir quando crescerem se serão homens ou mulheres, o que é
antinatural. Banheiros são iguais, sem distinção. Reuniões de pais já não fazem
sentido, já que há crianças criadas em “lares” onde os tutores são
homoafetivos. Os meninos podem brincar de boneca e de “casinha” e as meninas,
de carrinhos, de soldados, ou bater uma “peladinha” de futebol.
Acontece
que a ditadura da identidade de gênero, felizmente, vem sofrendo biológica e
natural rejeição em alguns países europeus, entre os quais, a Noruega, tida
como a mais avançada sociedade moderna, apesar da campanha da mídia naquele
país, há 15 anos, tentando mudar os hábitos da população. A frustração dos
idealizadores da nova sociedade de liberdade individualista é notória: uma
pesquisa feita por um apresentador de TV comprovou que os meninos continuam
buscando os brinquedos de carrinhos, bolas e soldadinhos; as meninas não largam
mão das bonecas e de suas casinhas; os homens preferindo ser chefes de família,
engenheiros, técnicos, pedreiros, mecânicos; e as mulheres vislumbrando a
maternidade e fugindo das ciências e atividades “exatas”, preferindo profissões
mais humanas, como educadoras, enfermeiras, assistentes sociais, etc. Essa
aloucada androginia mostra que tem pernas curtas. Não se mexe naquilo que Deus
fez!
Todavia,
todo o cuidado é pouco. O mal se instala de forma sutil, quase imperceptível. No
Brasil, depois de ser rejeitada no Congresso Nacional, a Ideologia do Gênero
está sendo impetrada goela abaixo através das câmaras municipais, a revelia da
população distraída com campeonatos de futebol, noticiários de violência, novelas
e novidades tecnológicas da mídia eletrônica como os whatsaps. Parece ser uma
ideologia do bem, porque vem disfarçada “com bons sentimentos e em nome de um alegado
progresso, alegados direitos, ou em um alegado humanismo”, foi categórico o
papa Bento XVI discursando sobre o assunto à cúria romana, em dezembro de 2012.
“Por isso - continuou o pontífice - a Igreja Católica reafirma o seu
assentimento em relação à dignidade e à beleza do casamento como uma expressão
da aliança fiel e generosa entre uma mulher e um homem, e recusa e refuta as
filosofias de gênero, porque a reciprocidade entre o homem e a mulher é a
expressão da beleza da Natureza pretendida pelo Criador”. Recentemente, em sua
catequese sobre a família, o papa Francisco ressaltou a beleza da diferença do
ser homem e ser mulher. Essas diferenças que, segundo ele, precisam ser
redescobertas, é que justificam a atração natural entre o homem e a mulher,
pois só assim é que será possível instituir a célula familiar. Homens e
mulheres, ainda conforme a catequese de Francisco são seres biologicamente
diferentes, cada qual com suas peculiaridades, tendências, culturas e
preferências, tal qual como o Criador os fez.
Portanto, para a socióloga alemã Gabriele Kuby,
a Ideologia de Gênero “é a mais radical rebelião contra Deus: o ser humano não
aceita que é criado homem e mulher, e por isso diz: 'Eu decido! Esta é a minha liberdade! ' — contra a experiência, contra a Natureza,
contra a Razão, contra a Ciência! É a perversão final do individualismo: rouba
ao ser humano o que lhe resta da sua identidade, ou seja, o de ser homem ou
mulher, depois de se ter perdido a fé, a família e a nação. É uma ideologia
diabólica: embora toda a gente tenha uma noção intuitiva de que se trata de uma
mentira, a Ideologia de Gênero pode capturar o senso-comum e tornar-se em uma ideologia dominante do nosso tempo.”
*Jornalista e funcionário
público
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