Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos

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Jornalista formado pela FAFI-BH,especializado em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela ESPMG. "O Tribunal Supremo dos EUA decidiu que "só uma imprensa livre e sem amarras pode expôr eficazmente as mentiras de um governo." Nós concordamos."

01 junho 2015

A MONTANHA PARIU UM RATO.



Artigo do presidente do PSDB-MG, deputado federal Marcus Pestana
Réquiem para a reforma política

Publicado no jornal O Tempo – 01-06-15
A crônica da morte anunciada se materializou. Confirmando a profecia dos céticos, a “montanha pariu um rato”. Criou-se uma enorme expectativa na sociedade brasileira em relação a uma suposta reforma política, embora seja falso afirmar que essa demanda fosse um ardente clamor popular. A começar pela presidente Dilma, que respondeu às históricas jornadas de junho de 2013, que se deram em torno da indignação com a corrupção sistêmica e institucionalizada, da péssima qualidade da educação, da saúde, da mobilidade urbana e do transporte coletivo, propondo a tão decantada reforma política.

O resultado das votações da semana passada na Câmara dos Deputados produziu uma caricatura, um arremedo de reforma, com mudanças pífias – uma não reforma, uma reforminha que não merece o nome. Ou seja, todos acham que há uma necessidade urgente de mudar, e realmente há, mas tudo continuará como está. A inércia conservadora do status quo, o medo do novo venceram uma vez mais. Fracassamos e perdemos talvez a última chance de reformar nosso sistema político, eleitoral e partidário.
O país e a democracia brasileira precisam de uma verdadeira reforma que aproxime a sociedade de sua representação política, barateie as campanhas, diminuindo o peso do poder econômico, fortaleça os partidos e as instituições, melhore o já deteriorado clima para a governabilidade e a boa governança, que hoje é conduzido pela formação de maiorias eventuais, e não programáticas, num detestável festival de clientelismo, patrimonialismo, corrupção, chantagens, concessões e troca de favores.
O disfuncional sistema eleitoral continuará o mesmo. Todas as alternativas, inclusive a minha proposta de distrital misto, foram derrotadas. As regras de financiamento continuarão muito parecidas. O fim das coligações proporcionais, que daria consistência e autenticidade ao quadro partidário, foi derrotado. A cláusula de desempenho, que contribuiria para corrigir a artificial e problemática pulverização de partidos e a fragmentação excessiva do Parlamento, também jaz derrotada. Nas próximas semanas, deverão ser também derrotadas a coincidência de mandatos, os cincos anos de mandato e a cota para mulheres. Resumo da ópera: a tão almejada e propalada reforma se resumirá ao fim da reeleição e à mudança da data da posse para salvar o réveillon de todos, porque ninguém é de ferro. Fala sério! Não vamos enganar as pessoas, fracassamos, e a reforma política necessária ficará cada vez mais distante e inviável.
O fracasso tem três causas básicas. A ausência de autoridade e liderança de Dilma, que está se tornando cada vez mais uma presidente fantasma, ausente; a fragmentação já excessiva do Congresso, com 28 partidos presentes na Câmara; e a guerra medíocre entre PMDB e PT em torno do famigerado distritão, que produziu estranhos acordos paralisantes.
Quem sabe o Senado Federal ou a legislação infraconstitucional salve minimamente a lavoura?
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