Por Isabella Souto, do jornal Estado de Minas, hoje.
Os defensores da aliança entre PT e PSDB na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte tiveram ontem uma primeira e importante vitória. Com o placar de 2.071 a 353 votos, a chapa “PT pelo entendimento” derrotou a “PT tucano não”, resistente à polêmica dobradinha. Isso significa que os representantes da tese pela união entre os partidos historicamente rivais em torno de um candidato de um partido neutro – provavelmente o PSB – representarão 85% dos 453 delegados que votam domingo que vem durante discussão qual tese os petistas adotarão nas eleições: candidatura única ou aliança. Dos cerca de 4 mil filiados aptos a votar ontem, 2.596 compareceram às urnas dispostas em sete locais de votação. Foram apenas sete votos brancos e 15 nulos. Até o fechamento desta edição, restava a apuração de 150 votos de pessoas inscritas em uma região, mas que votaram em outras. O número foi comemorado pelos petistas, pois ultrapassou a adesão na eleição do diretório municipal, quando 2.050 petistas votaram. A derrota dos contrários à dobradinha só não foi acachapante na Região Centro-Sul, onde o placar foi de 60% a 40%. Em Venda Nova e na região Leste, a vitória chegou a 93% a 7%. O resultado será apresentado à direção nacional da legenda amanhã, em Brasília, e é tido como um argumento a mais a favor da aliança com tucanos, diante de um possível veto da cúpula do partido – a quem caberá a palavra final sobre a política de alianças. Defensores da tese lembram que as mesmas pessoas que escolheram os delegados que votarão no domingo que vem são aquelas que elegeram os integrantes do diretório nacional. Portanto, o resultado teria total legitimidade. “A decisão dos filiados do PT de Belo Horizonte é inquestionável. A opção foi clara e insofismável”, afirmou o presidente municipal do partido, Aluísio Marques, logo depois da divulgação do resultado, na noite de ontem. Segundo ele, o resultado não é imperativo, mas dificilmente os delegados mudarão seu voto no domingo que vem, quando estará em votação oficialmente qual a tese a ser adotada em outubro. Ao que tudo indica, sairão novamente vitoriosos o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT) – principais articuladores da união. REUNIÕES Munidos da aprovação dos filiados, os aliados da tese de dobradinha terão uma prova de fogo em duas reuniões esta semana: amanhã o prefeito desembarca em Brasília para um encontro com dirigentes nacionais do partido. No dia seguinte, é a vez de debater o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice José Alencar (PRB) e os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência da República). Os dois ministros não participaram da votação na capital mineira para a escolha dos delegados que vão definir, no domingo, qual tese será adotada nas eleições. Em carta distribuída aos filiados nos locais de votação, os ministros e mais 34 petistas explicaram a ausência como uma resposta aos “métodos e procedimentos” adotados durante o processo, sem “sintonia com as instâncias, as lideranças e as bases” do partido. Esse será o principal ponto tratado nas conversas.O objetivo é buscar um consenso dentro do PT, mas também com os outros partidos da base aliada do governo Lula. Há duas semanas, o vice José Alencar e o ministro das Comunicações, Hélio Costa, vieram a público reclamar da exclusão no processo sucessório da capital e ensaiaram uma aliança para fazer frente a uma provável chapa entre petistas e tucanos. Por enquanto, a disposição dos peemedebistas é o lançamento de candidatura própria.EXPECTATIVACom a derrota da chapa defensora da candidatura própria, o clima ontem no PT municipal era de que nada adiantará uma mudança nos planos do ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias – apontado como o único nome capaz de unificar a legenda e melhor candidato do PT para vencer as eleições de outubro. “O processo foi democrático e o PT decidiu hoje (ontem) apoiar um candidato do PSB”, afirmou o presidente municipal Aluísio Marques, quando questionado sobre a possibilidade de candidatura de Patrus. Discurso semelhante adotou o deputado federal Virgílio Guimarães. “A candidatura do Patrus pode até ainda aparecer, mas não acredito. Para quem criticou que a discussão sobre a aliança foi feita em cima da hora, acho difícil que ele, depois da votação, venha decidir ser candidato”, argumentou. Em diversas ocasiões o ministro manifestou que não tem intenção de disputar a prefeitura que ocupou entre 1993 e 1996.
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