Política
Celso de Melo: se fosse presidente, Lula seria passível de impeachment
Entrevista-bomba de Celso de Melo, o ministro com mais tempo
de casa no Supremo Tribunal Federal (STF), será publicada ainda esta
noite pelo site Consultor Jurídico.
O que Celso de Melo diz sobre o encontro de Lula com Gilmar
Mendes no último dia 26 de abril na casa em Brasília do ex-ministro
Nelson Jobim:
* Essa conduta do ex-presidente da República, se
confirmada, constituirá lamentável expressão do grave desconhecimento
das instituições republicanas e de seu regular funcionamento no âmbito
do Estado Democrático de Direito. O episódio revela um comportamento
eticamente censurável, politicamente atrevido e juridicamente ilegítimo.
*
Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria
passível de impeachment por configurar infração político-administrativa,
em que seria um chefe de poder tentando interferir em outro.
*
Tentar interferir dessa maneira em um julgamento do STF é inaceitável e
indecoroso. Rompe todos os limites da ética. Seria assim para qualquer
cidadão, mas mais grave quando se trata da figura de um presidente da
República.
* Ele mostrou desconhecer a posição de absoluta independência dos ministros do STF no desempenho de suas funções.
*
A Ação Penal será julgada por todos de maneira independente e isenta,
tendo por base exclusivamente as provas dos autos. A abordagem do
ex-presidente é inaceitável.
* Sem falar no caráter indecoroso é
um comportamento que jamais poderia ser adotado por quem exerceu o mais
alto cargo da República.
* A resposta do ministro Gilmar Mendes
foi corretíssima e mostra a firmeza com que os ministros do STF irão
examinar a denúncia na Ação Penal que a Procuradoria-Geral da República
formulou contra os réus. É grave e inacreditável que um ex-presidente da
República tenha incidido nesse comportamento.
* Surpreendente
essa tentativa espúria de interferir em assunto que não permite essa
abordagem. Não se pode contemporizar com o desconhecimento do sistema
constitucional do País nem com o desconhecimento dos limites éticos e
jurídicos.
* Episódio grave e inqualificável sob todos os aspectos. Um gesto de desrespeito por todo o STF.
*
Confirmado esse diálogo entre Lula e Gilmar, o comportamento do
ex-presidente mostrou-se moralmente censurável. Um gesto de atrevimento,
mas que não irá afetar de forma alguma a isenção, a imparcialidade e a
independência de cada um dos ministros do STF.
* Um episódio
negativo e espantoso em todos os aspectos. Mas que servirá para dar
relevo à correção com que o STF aplica os princípios constitucionais
contra qualquer réu, sem importar-se com a sua origem social e que o
tribunal exerce sua jurisdição com absoluta isenção e plena
independência.
* Será um julgamento em que se observará todos os
parâmetros que a ordem jurídica impõe a qualquer órgão do Judiciário.
Por isso mesmo se mostra absolutamente inaceitável esse ensaio de
intervenção sem qualquer legitimidade ética ou jurídica praticado pelo
ex-presidente da República que não guarda qualquer legitimidade ética ou
jurídica. Um comportamento estranho e surpreendente.
* A resposta
do ministro Gilmar foi a que dele se esperava. Ele agiu com absoluta
altivez. É um episódio anômalo na história do STF.
* De qualquer
maneira, não mudará nada. Esse comportamento, por mais censurável, não
afetará a posição de neutralidade, absolutamente independente com que os
ministros do STF agem. Nenhum ministro permitirá que se comprometa a
sua integridade pessoal e funcional no desempenho de suas funções nessa
Ação Penal.
Atualização das 23h34 - Comportamento de Lula é indecoroso, avaliam ministros
2 comentários:
- Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou com esse tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que me chegaram era que ele era a central de divulgação disso. O próprio presidente - afirmou Gilmar.
Ele pode ter sido usado?
GILMAR: Sim, a sobrecarga... Ele não está tendo tempo de trabalhar essas questões, está tratando da saúde. Alguém está levando esse tipo de informação. Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF. Pra que ficar cultivando esse tipo de mito? São historietas irresponsáveis. Qualquer agente administrativo saberia esclarecer isso.
Esses ataques não atingem o STF?
GILMAR: Claro, evidente. O intuito, obviamente, não é só me atingir, é afetar a própria instituição, trazê-la para essa vala comum.
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