Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos

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30 maio 2011

INFLAÇÃO CORRÓI SALÁRIO DO TRABALHADOR



Renda média do trabalhador cai de R$ 1.568,41 em março para R$ 1.540 em abril. Com desemprego estável, IBGE diz que alta de preços derruba vencimento dos assalariados




Por Victor Martins, Mariana Mainenti e Fábio Monteiro, para o Estado de Minas

Brasília – O dragão da inflação já está engolindo a renda do trabalhador. Realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) mostrou que a taxa de desemprego manteve-se praticamente estável, passando de 6,5% em março para 6,4% no mês seguinte. É o melhor desempenho para um abril desde 2002. No entanto, o rendimento médio real do trabalhador (descontada a alta dos preços) caiu 1,8%. O brasileiro empregado, que em média tinha disponíveis R$ 1.568,41 para as despesas mensais em março teve de se virar com menos, R$ 1.540, em abril.

Com isso, a massa de rendimento real efetivo no Brasil, que é a soma dos ganhos de todos os trabalhadores, também encolheu – 1,7% – para R$ 34,7 bilhões. Isso significa menos dinheiro disponível no país, seja para comprar, seja para poupar. Não à toa, as classes menos favorecidas, C, D e E, já estão retirando produtos básicos dos carrinhos de supermercados. A inflação acumulada em 12 meses pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 6,51%, ultrapassando a meta estipulada pelo governo para o ano, de 6,5%. “A queda no rendimento do trabalhador em abril é efeito da inflação”, observou a analista do IBGE Adriana Belinguy.

A redução mais evidente nos salários ocorreu entre trabalhadores do setor imobiliário. O tombo chegou a 4,8% em abril e a 2% no ano. Em Recife (PE), a queda foi maior que no restante do país, 4,1% na comparação mensal. Para analistas, esse freio mostra, pela primeira vez e de forma concreta, que as medidas macroprudenciais e o aperto na taxa básica de juros (Selic) surtiram efeito: a economia entrou em rota de desaceleração.

Na visão de Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco, os dados do mercado de trabalho são compatíveis com a projeção da instituição de que a taxa de desemprego ficará em 6,4% em 2011 e o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do pais) em 3,8%. “A forte desaceleração verificada nos rendimentos reais sugere que nos próximos meses o mercado de trabalho seguirá em movimento de moderação, reforçando nossa expectativa de arrefecimento no crescimento da economia no restante deste ano”, argumentou o economista.

Apenas duas regiões pesquisadas pelo IBGE escaparam dessa piora no rendimento dos trabalhadores. Em Salvador (BA) esses ganhos cresceram 3% e em Porto Alegre (RS), 0,6%, locais onde os salários ficaram em R$ 1.240,90 e R$ 1.536,80 respectivamente. Entre os setores da economia, o que mais obteve perda nos rendimentos foi o segmento de serviços prestados à empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e financeira. Apenas em abril, o ganho desses trabalhadores derreteu 4,8%. No ano, a queda foi de 2%.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, porém, rebateu todas as avaliações dos especialistas e os dados do IBGE. Para ele, não existe desaceleração. “Eu já disse e reitero contra o mercado, no segundo semestre a inflação vai cair e o nível de emprego vai subir”, afirmou o ministro. "Vamos fechar o ano com 3 milhões de empregos e os dados em 2012 vão surpreender para melhor a todos, mas não a mim”, disse.

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