Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos

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Jornalista formado pela FAFI-BH,especializado em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela ESPMG. "O Tribunal Supremo dos EUA decidiu que "só uma imprensa livre e sem amarras pode expôr eficazmente as mentiras de um governo." Nós concordamos."

23 setembro 2011

INFLAÇÃO CAMBIAL NINGUEM SEGURA

Por Paula Takahashi para o EM.

A variação do dólar continua assustando e nessa quinta-feira não foi diferente. Durante o pregão, a moeda norte-americana se valorizou quase 5% ao sair do patamar de R$ 1,86 e bater na casa de R$ 1,95 – nível alcançado pela última vez em julho de 2009. Ao contrário do que havia dado a entender no dia anterior, o Banco Central (BC) realizou nessa quinta-feira um leilão de venda de moeda estrangeira na tentativa de frear a forte alta. Foram 112 mil contratos de swap cambial oferecidos e, apesar de apenas 55 mil terem sido absorvidos, a medida já foi suficiente para conter a escalada do dólar, que fechou o dia cotado a R$ 1,90, alta de 2,26%.

No mercado paralelo em Belo Horizonte, a moeda chegou a ser vendida a R$ 2. É nessa operação que o dólar é comprado por consumidores para viagens internacionais, por exemplo. Diante das incertezas e oscilações do mercado, especialistas divergem sobre o destino da moeda americana. Mas uma coisa parece clara, os efeitos desta disparada serão sentidos no bolso dos consumidores e fatalmente terão impactos nos já pressionados índices inflacionários. Entre os itens com peso na inflação que até então haviam dado alento ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estão os eletroeletrônicos, já que grande parte dos componentes vêm de fora do país.

Nos últimos 12 meses até agosto, a variação destes produtos está negativa em 4%, enquanto a média geral do IPCA, também no acumulados dos últimos 12 meses, alcança alta de 7,23%. Mas o cenário começou a mudar em agosto quando estes aparelhos apresentaram variação positiva de 1,25%, tendência que pode ser mantida daqui para frente. “São produtos claramente afetados pela elevação do dólar que vinham ajudando e muito a controlar a inflação. Agora eles podem parar de puxar o índice para baixo”, avalia o analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Minas Gerais, Antonio Braz.

Principais responsáveis pelo atual patamar da inflação brasileira, os alimentos também não devem dar a trégua esperada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. É verdade que diante do desaquecimento da economia mundial a demanda pelas commodities cai, assim como os preços. Mas a valorização do real frente ao dólar tende a suplantar esta queda, que poderia ser sentida pelo mercado, não fosse sua cotação na moeda americana. Além do tradicional arroz, feijão, açúcar e café, produtos importados – que ajudam a balizar os preços dos nacionais – também começam a chegar mais caros.

Ntal amrgo

Segundo o gerente da Royal Emporium, José Maurício de Morais, mantido o cenário atual, dentro de 10 a 15 dias os preços mais elevados devem começar a chegar ao comércio. “Para o final do ano, frutas secas como damasco e nozes também terão alteração de valores”, prevê.

Para o economista Geraldo Sant’Ana de Camargo Barroos, alguns setores sentirão imediatamente, como os importados, e em seguida os alimentos e minérios e derivados. “No último caso, vai ficar mais custoso para a Petrobrás segurar os preços internos. A partir daí, a alta de preços tende a atingir os demais segmentos, seja via aumento de custos de produção ou de custo de vida, com o que o setor de serviços é alcançado”, avalia. Por meio de nota, a Petrobras garantiu que “não vai acompanhar a flutuação dos preços do petróleo e da cotação da moeda no curto prazo".

Para Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio, o dólar vai voltar para o patamar de R$ 1,70 e o BC“certamente, fará novos leilões de swap cambial”. Mas para Miguel Daoud, da Global Corretora, a alta do dólar veio para ficar. “Pode voltar um pouco, mas deve ficar entre R$ 1,85 e R$ 1,90”. Se este cenário se confirmar, o que já estava cada vez mais improvável, segundo avaliação do mercado, se tornará impossível: a inflação fechar o ano dentro do teto da meta estipulada pelo governo federal de 6,5%.

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