São Paulo- As novas suspeitas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
 Silva, acusado de corrupção por ex-executivos de empreiteiras, fez com 
que o PT passasse a incluir em suas análises internas do cenário 
político e discussões sobre estratégias a possibilidade concreta de não 
contar com o seu líder máximo na disputa eleitoral de 2018. O receio é 
que uma condenação em segunda instância na Operação Lava-Jato o torne 
inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.
A reação do PT às novas suspeitas é reforçar o empenho na defesa de Lula
 tanto nas ruas quanto nas redes sociais. Ninguém no partido ousa 
questionar ou cobrar explicações do ex-presidente.
Lula é visto 
no PT como alvo de perseguição da Lava-Jato e vítima de uma campanha 
para impedir sua candidatura em 2018. Mas, com a divulgação dos 
depoimentos da Odebrecht e a delação do empreiteiro José Adelmário 
Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, da OAS, a possibilidade de condenação de
 Lula, antes vista como remota, ganhou novo status.
Líderes petistas avaliam que mesmo que as novas acusações não sejam 
confirmadas com provas materiais, elas engrossam o caldo das chamadas 
"provas indiciárias" (com base em indícios) que poderiam sustentar, pelo
 volume, um pedido de condenação de Lula com base na teoria do domínio 
do fato, usada para levar José Dirceu à prisão no mensalão.
Lula é
 alvo de seis pedidos de abertura de inquéritos enviados pelo ministro 
Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), à 
primeira instância da Justiça Federal com base nas delações da 
Odebrecht.
Na semana passada, Léo Pinheiro disse, em depoimento ao juiz Sérgio 
Moro, que Lula pediu a destruição de provas e seria o verdadeiro dono do
 tríplex no Guarujá (SP) que está em nome da OAS. Além disso, o 
ex-presidente é réu em outros cinco processos relacionados à Lava-Jato.
Cenário
Embora
 a ordem seja sair em defesa de Lula, no PT já se fala em um cenário no 
qual ele seria um grande cabo eleitoral transferindo votos para outro 
candidato. Uma das possibilidades é o partido indicar um nome para ser 
vice na chapa de Ciro Gomes (PDT). O mais citado é o do ex-prefeito de 
São Paulo Fernando Haddad.
Para o PT, o conteúdo da lista de Fachin e a delação de Pinheiro não 
afetam o eleitorado cativo do partido, mas afastam eleitores que estavam
 se convencendo a voltar a votar em Lula por causa de políticas 
impopulares do governo Michel Temer. Além disso, dificultam o discurso 
da militância em defesa do ex-presidente.
As saídas são a 
mobilização popular em defesa do petista e a criação de uma narrativa 
favorável a Lula. Por isso o ex-presidente vai pedir a Moro que o 
depoimento marcado para o dia 10 de maio, em Curitiba, seja transmitido 
ao vivo. Lula diz a pessoas próximas que está convencido de que vai 
"engolir" Moro devido à falta de provas sobre o apartamento no Guarujá.
Quase
 nenhum petista ouvido pelo Estado concordou em falar sobre o assunto 
sem pedir anonimato. Para o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, 
integrante do Diretório Nacional do PT, Lula é alvo de um processo "tão 
tendencioso que não resta outro caminho que não a solidariedade e a 
defesa". Ele avalia, no entanto, que a difusão das acusações causaram 
"um estrago no PT na opinião pública". "O ódio, isso foi alcançado", 
disse ele, que admite a possibilidade de Lula não ser candidato no ano 
que vem. 
Fonte: Jornal Estado de Minas


 
