É O AQUECIMENTO GLOBAL, ESTÚPIDO!
(Ishaan Tharoor - Washington Post/O Estado de S. Paulo, 01) Já
no primeiro mês de verão no Hemisfério Norte, os recordes estão sendo
batidos. EUA e Canadá estão nas garras de uma onda de calor. Grandes
cidades como Portland e Seattle registraram os dias mais quentes da
história. Milhares ficaram sem luz. O asfalto das estradas rachou.
Autoridades canadenses relataram um “aumento significativo de mortes”
que parecem estar ligadas ao clima. “Está mais quente no Canadá do que
em Dubai”, disse David Phillips, climatologista da Environment Canada.
Mas, em um planeta em aquecimento, isso parece cada vez mais
normal. “Muitos expressaram choque com a onda de calor. Mas ela é bola
cantada”, escreveu Jason Samenow, do Washington Post. “Desde a década de
70, os cientistas alertam que o aquecimento global faria ondas de calor
mais frequentes, duradouras e intensas.”
Ainda assim, a onda atual é surpreendente. Claro, em outras
partes do mundo a realidade é ainda mais dura. O Iraque também sofre
interrupções de energia. Na segundafeira, o ministro da Eletricidade
iraquiano renunciou, porque o país não tem dinheiro para pagar ao Irã,
que fornece energia. O caso ocorre no momento em que a temperatura no
sul do país chega a 50°C.
No Kuwait, Omã e Emirados Árabes está ainda mais quente.
Estudos sugerem que regiões inteiras no Oriente Médio e sul da Ásia
podem se tornar inabitáveis em algumas partes do ano. Recentemente, o
Daily Telegraph relatou que os termômetros marcaram 52,2°C em Jacobabad,
no Paquistão.
No Ártico, os recordes em algumas cidades foram quebrados na
semana passada. Na Sibéria e no Alasca, camadas de “gelo eterno”
derreteram. A deterioração do solo vem criando desafios. Um estudo
recente do governo russo indicou que os danos à infraestrutura podem
custar US$ 67 bilhões em meados do século, enquanto o ministro do Meio
Ambiente do país disse que 40% de todos os prédios no norte da Rússia
estavam sofrendo deformações estruturais.
O consenso científico é claro: “As mudanças climáticas estão
jogando os dados contra nós”, disse Katharine Hayhoe, da ONG Nature
Conservancy. “As ondas de calor estão chegando antes, são mais longas e
mais fortes.” Embora os efeitos da mudança climática sejam sentidos de
forma mais intensa, a ação política está longe de ser alcançada.“
A atual onda de calor é mais um lembrete de que o mundo não
está se movendo rápido o suficiente para restringir o uso de
combustíveis fósseis e reduzir as emissões de carbono”, afirmou o Los
Angeles Times, em editorial. “Há uma saída para este pesadelo”,
escreveram os ativistas Michael Mann e Susan Joy Hassol, no New York
Times. “Uma rápida transição para energia limpa pode estabilizar o
clima, fornecer empregos bem remunerados, fazer a economia crescer e
garantir o futuro de nossos filhos.”
Mas não há consenso sobre como fazer a transição. No momento,
republicanos e democratas discutem um projeto que injeta bilhões de
dólares para renovar estradas e infraestruturas críticas dos EUA, mas
deixa de lado iniciativas cruciais sobre mudança climática. Na cúpula do
G-7, os países mais ricos do mundo nem sequer concordaram com um
cronograma para encerrar o uso do carvão. Projeções da ONU sugerem que
um acordo pode chegar tarde demais para evitar o aumento de 1,5°C nas
temperaturas globais, principal objetivo dos acordos de Paris.
Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos
- Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos - Pós Graduado em GSSS - Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde.
- Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
- Jornalista formado pela FAFI-BH,especializado em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela ESPMG. "O Tribunal Supremo dos EUA decidiu que "só uma imprensa livre e sem amarras pode expôr eficazmente as mentiras de um governo." Nós concordamos."
09 julho 2021
Mas não há consenso sobre como fazer a transição.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário