Jornalista Jarbas Cordeiro de Campos

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Jornalista formado pela FAFI-BH,especializado em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela ESPMG. "O Tribunal Supremo dos EUA decidiu que "só uma imprensa livre e sem amarras pode expôr eficazmente as mentiras de um governo." Nós concordamos."

25 março 2014

AUTORIZAÇÃO IRRESPONSÁVEL DÁ PREJUIZO A PETROBRAS



Confissão estarrecedora
20 de março de 2014 | 2h 07

Fonte: O Estado de S.Paulo
Pelo menos uma vez na sua vida pública, cinco anos antes de se tornar presidente, Dilma Rousseff não foi a administradora detalhista de que tanto se queixam, naturalmente em surdina, os seus subordinados - e o resultado foi calamitoso para as finanças e a aura de seriedade de que se vangloriava a 20.ª maior empresa do mundo, a Petrobrás. Às vezes, governantes alegam ter assinado sem ler, em meio à papelada na fila para o seu autógrafo, textos de atos oficiais que, de outro modo, rejeitariam. No caso de Dilma, foi pior: contentando-se com o pouco que leu, autorizou irresponsavelmente a estatal a fazer um negócio temerário que lhe traria um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão e uma inédita investigação da Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e Ministério Público por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas.
À época, fevereiro de 2006, Dilma ocupava a Casa Civil do governo Lula. A ex-ministra de Minas e Energia chegara ao posto em junho do ano anterior, depois que o ministro José Dirceu caiu em desgraça, acusado de chefiar o mensalão. As funções da nova ministra incluíam presidir o Conselho de Administração da Petrobrás. E nessa condição ela participou da decisão do colegiado de autorizar a empresa a comprar 50% de uma refinaria em Pasadena, no Texas, por US$ 360 milhões. A refinaria tinha sido vendida um ano antes a uma empresa belga, a Astra Oil, por US$ 42,5 milhões. Por falta de informação ou por indiferença, nem Dilma nem qualquer dos conselheiros - entre eles o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o das Relações Institucionais, Jaques Wagner - chamaram a atenção para o fato de que, para ficar com metade do empreendimento, a Petrobrás desembolsaria 8,5 vezes mais do que a Astra gastou pouco antes pela destilaria inteira.
Foi o começo da degringolada. Quando, em 2007, o Conselho negou à Petrobrás autorização para aceitar a proposta de compra dos demais 50%, a vendedora acionou a estatal na Justiça americana para obrigá-la a isso, invocando a cláusula contratual Put Option. Segundo ela, em caso de desavença entre os sócios, um deve ficar com a parte do outro.
Em 2008, a Petrobrás recorreu, pagando, diga-se de passagem, US$ 7,9 milhões a uma banca de advocacia ligada a ex-dirigentes da própria empresa. Derrotada na Justiça, ela acabaria pagando aos belgas US$ 820,5 milhões - US$ 639 milhões pela metade com que não queria ficar, mais honorários e custas processuais. O caso escabroso foi divulgado em 2012 pelo Broadcast, o serviço em tempo real da Agência Estado. O mais estarrecedor, porém, ainda estava por vir.
Na segunda-feira, confrontada por documentos inéditos atestando o voto favorável da então conselheira Dilma Rousseff à compra da refinaria, na fatídica reunião de 2006, ela confessou, em nota da Presidência da República a este jornal, que se baseara em um mero resumo executivo, "técnica e juridicamente falho", dos termos da transação. O seu autor era o diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, indicado pelo ainda ministro José Dirceu. Espantosamente, ele é hoje diretor financeiro de serviços da BR Distribuidora. O texto não fazia menção à Put Option, tampouco à cláusula Merlin, que garantia à parceira da estatal um lucro de 6,9% ao ano, qualquer que fosse a situação do mercado de derivados de petróleo. Tais condições, diz a nota do Planalto, "seguramente não seriam aprovadas pelo Conselho" se delas tivesse ciência.

11 março 2014

ARMAS CONTRA O POVO PELA COPA


Para Copa, governo compra 2.691 armas de balas de borracha. Gasto: R$ 30 mi

UOL – Rodrigo Mattos - 11/03/2014 06:00

O governo federal comprou um total de 2.691 kits com armas de balas de borracha e munição para distribuir a policiais para combater protestos na Copa-2014. O investimento total é de R$ 30 milhões, e representa apenas uma parte do gasto com armas não-letais. Impedir que manifestações afetem o Mundial e seus torcedores é uma das prioridades da União na segurança do evento.
Desde o início do protestos da Copa das Confederações, a União começou a adquirir armamento não-letal, realizando três compras com a empresa Condor Tecnologias não-letais, com sede no Rio de Janeiro. A primeira leva de equipamentos foi fornecida sem licitação por conta da urgência da competição do ano passado. As outras duas licitações foram vencidas pela mesma empresa, que vende para o exterior.
No total, o governo federal já gastou R$ 49,5 milhões com armas não letais. Os equipamentos foram dados às polícias das 12 cidades-sede do Mundial. Neste pacote, predominam os Kits Operacionais Não-Letais Especiais I e 2 (Koe). Tratam-se de maletas com espingardas e munição de bala de borracha. Seu custo: R$ 10 mil ou R$ 14 mil, dependendo do modelo.
Pela distribuição determinada pelo governo federal, São Paulo é o local onde se espera os conflitos mais violentos durante a Copa. Foram dados 314 kits ao Estado, um número bem superior às outras unidades da federação. Em seguida, vem o Rio de Janeiro com 276. Ceará e Bahia estão em terceiro e quarto, com 220 e 206 kits.
Apesar de fora da Copa das Confederações, São Paulo viu o início das manifestações de junho e julho do ano passado com reivindicações pela redução da passagem de ônibus. A capital fluminense teve o maior aparato policial na final da competição quando bombas de gás lacrimogênio chegaram a ser sentidas no Maracanã.
Além das balas de borracha, o governo investiu também em outros sete tipos de armamentos não-letais para enfrentar as manifestações. Entre eles, pistolas que dão choques e deixam as pessoas desorientadas, e com contrações musculares. Foram compradas 1.788 unidades dessas.
Haverá ainda 8.374 granadas de gás lacrimogênio disponíveis para as polícias estaduais, e número igual de granadas de efeito moral e de luz e som. Carregamentos de spray de gás pimenta também foram comprados em larga escala: serão 9.437 só para São Paulo, sendo cerca de 48 mil no total.
Segundo a Sesge (Secretaria Especial de Segurança de Grandes Eventos), já foram feitas todas as compras necessárias e não haverá novas aquisições em 2014. No total, a matriz de responsabilidades prevê um gasto total de R$ 1,9 bilhão com a segurança da Copa-2014. Não houve cortes neste orçamento, apesar dos pesados cortes na segurança do país.