Se dúvidas ainda
restassem, a Justiça norte-americana limpou o campo: Lula e seus
asseclas cometeram o maior escândalo de corrupção da História. Como
sempre, o tiranete esperneia diante de provas cada vez mais
contundentes. "Deu a louca no Tio Sam", pergunta José Nêumanne, em
artigo publicado no Estadão:
Há uma semana, uma
bomba de hidrogênio desabou sobre nossas cabeças, já suficientemente
perturbadas por informações desastrosas, como a quebradeira generalizada
de empresas brasileiras, os 12 milhões de trabalhadores desempregados e
a calamidade financeira decretada por três unidades da Federação. O
acordo de leniência da Odebrecht e da Braskem, anunciado pela
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e pelo Ministério Público Federal
em Brasília na quarta-feira passada, indica o que aconteceu nestes
trágicos trópicos durante os últimos 15 anos e ao alcance dos narizes
absolutamente insensíveis dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e
Dilma Rousseff.
A afirmação recebeu o
aval internacional do Departamento de Justiça (DoJ) da maior potência
nuclear, militar, econômica e política do planeta, após a devassa do
pagamento de US$ 1 bilhão (R$ 3,4 bilhões) em propinas pela empreiteira e
sua subsidiária petroquímica. No Brasil (com dois ex-ministros de
Estado, três parlamentares e dois membros do Poder Executivo hoje, cuja
identidade não foi revelada) e em mais 11 países. Além da quantidade do
suborno pago por privilégio em contratações e superfaturamento de obras e
serviços, a revelação inova no Direito Penal, ao revelar que a vítima, a
petroleira estatal, é também autora do furto bilionário, de vez que é
sócia da signatária dos acordos na empresa que pagou “o maior suborno da
História”.
É de observar que a
investigação empreendida pelos americanos e pela Suíça, parceira na
devassa e signatária da leniência, trata apenas da atuação do tal
Departamento de Operações Estruturadas, justamente apelidado de
Departamento da Propina, da maior empreiteira do Brasil. Como todo
brasileiro bem informado soube pelo noticiário cotidiano, suas
concorrentes OAS, Andrade Gutierrez, Engevix, Carioca Engenharia e
outras são acusadas de participação num “cartel” que esvaziou os cofres
públicos do País durante os desgovernos Lula e Dilma, do PT.
Lula apareceu no
noticiário na semana passada para comunicar à Nação espoliada que as
acusações a que responde à Polícia Federal e na Justiça dão uma ideia do
“grau de loucura que (sic) chegou a Lava Jato na sua perseguição contra
o ex-presidente”.
Então, deu a louca no
Tio Sam, foi? Não faltarão, é claro, sandices do gênero para os
advogados do ex incluírem na sua estratégia suicida de defesa a hipótese
de que agora ficou provado que os EUA lideram a conspiração para
retirá-lo da próxima disputa presidencial hoje ou em 2018, confirmando
pesquisa do Datafolha que o considera favorito no primeiro turno da
disputa pela Presidência, só perdendo no segundo para Marina Silva, que
foi ministra dele.
Isso não resiste à
lógica rasteira. O citado responde a três juízes federais – Marcelo
Leite e Vallisney de Souza Oliveira, em Brasília, e Sérgio Moro, em
Curitiba, na primeira instância – por crimes de corrupção passiva,
lavagem de dinheiro, organização criminosa, ocultação de patrimônio e
outros, na companhia de parentes: a esposa, dois filhos e o sobrinho da
primeira mulher. As denúncias foram feitas pela força-tarefa da Lava
Jato, chefiada pelo procurador Deltan Dallagnol, e também pelo
Ministério Público Federal em Brasília, sob o comando do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que mandou para Teori
Zavascki, relator no Supremo Tribunal Federal (STF), o dito
“processo-mãe” do petrolão, que talvez melhor fosse definido como
malvada madrasta.
Lula, como Dilma,
também reclama das delações premiadas, que, segundo ele, “tiraram da
cadeia pessoas que receberam milhões de reais em desvios da Petrobrás”.
Entre eles, figuram o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo
Roberto Costa, que chamava de “Paulinho”, e o ex-senador Delcídio do
Amaral, ex-líder do governo Dilma no Senado. Sem falar em Marcelo
Odebrecht, que ainda está na cadeia.
É fato que a
colaboração de apenados pelo Código Penal nas investigações da Polícia
Federal e do MPF foi autorizada em lei assinada por Fernando Henrique e
seu ministro da Justiça Renan Calheiros, alcunhado de “Justiça” nas
planilhas que constam da proposta de delação premiada de 77 executivos e
ex-executivos da Odebrecht. A depender da homologação de Zavascki e de
novos depoimentos deles, a Nação saberá até que ponto Lula, acusado pela
força-tarefa de chefiar o “quadrilhão”, efetivamente se comprometeu
pessoal, partidária e familiarmente naquele assalto generalizado.
Até lá, é possível
ter uma ideia do alcance internacional dessa prática danosa e também da
necessidade de acompanhar os ianques na exemplar transparência que eles
demonstraram no cotejo entre o que já sabem e, infelizmente, o
brasileiro, que pagou a conta pesada, ignora, mercê disso. Dilma
Rousseff e seu ministro da Justiça José Eduardo Martins Cardozo
assinaram um documento legal que atualiza a prática da colaboração
negociada de réus, antes de ela afirmar que os despreza. Mas cruzar este
deserto entre o acesso aos fatos pelos agentes americanos e o sigilo,
que mantém a cidadania aqui impedida de enxergar toda a verdade, ainda
depende de um aperfeiçoamento legal que possa restituir a isonomia ao
conhecimento do delito real. Pois esta ainda está para atravessar o Rio
Grande.
Outra revelação
relevante dos americanos na devassa da grande corrupção tupiniquim
constatou que a cooperação dos investigados não foi feita de boa
vontade, mas por interesse em se livrar de parte das penas que teriam de
cumprir para merecer a leniência. Conforme os investigadores, a Braskem
só aceitou colaborar sem ressalvas após tomar conhecimento de que sua
delinquência tinha deixado rastros. Sabemos, assim, que o arrependimento
de praxe não revela boa-fé, mas esperteza. Tanto melhor! Convém dormir
na mira, como fazem os atiradores de tocaia. Leniência não pode virar
indulgência perpétua.