A General Motors (GM) está agonizando. O mercado não dá um dólar furado pelo seu futuro. A empresa entrou na lista das que, segundo especialistas, não conseguirão dar a volta por cima. Atropelada pela competição dos eficientes e econômicos veículos japoneses, liderados pela Toyota, a GM viu-se numa verdadeira sinuca de bico, principalmente de um ano para cá. De um lado, seus carrões modelo utilitários esportivos, beberrões de seis ou oito cilindros, que antes da crise financeira mundial eram considerado sinal de status social, caíram em desgraça com a falta de crédito detonada pela crise e o aumento do preço do petróleo. De outro, os modelos sedãs, que passaram a ser os queridinhos do mercado, encontraram a GM sem produtos competitivos. E, como dependia de crédito ao consumidor para vender seus carrões, a GM transformou-se praticamente num banco, com operações financeiras cada vez mais complexas, que ajudaram em sem naufrágio. Por fim, o passivo trabalhista da montadora com funcionários aposentados é enorme, afugentando prováveis compradores ou investidores. Resultado: a GM está a um passo de quebrar. “Os problemas da GM são os mesmos das outras duas grandes montadoras americanas, Ford e Chrysler, que também enfrentam passivos trabalhistas enormes. Mas a Ford produz veículos mais competitivos”, diz Richard Dubois, sócio da filial brasileira da PricewaterhouseCoopers. O sinal de que o mercado aposta na quebra da GM está no preço: hoje, a empresa tem valor de mercado de aproximadamente US$ 1,8 bilhão, segundo levantamento da consultoria Economática. É nada. É metade do que vale a brasileira Natura. E, mesmo assim, não há qualquer interessado em comprá-la. Em outubro do ano passado, a GM valia US$ 22,2 bilhões. Especialistas no setor automotivo acreditam que, para a GM, o melhor seria mesmo quebrar. Dessa forma, ela se livraria do passivo trabalhista. “E, nesse caso, o mais provável é que haja uma fusão entre GM, Ford e Chrysler, criando uma montadora que seria a metade do que são hoje”, diz um analista. Ou, em outra hipótese, as partes boas da GM (como as operações brasileiras) poderiam ser compradas por outras montadoras ou investidores. Mas tudo também depende do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama. Se optar por uma política intervencionista, Obama poderá salvar a empresa com recursos públicos, o que não é comum nos EUA. A Casa Branca divulgou ontem um comunicado em que se opõe a uma proposta democrata no Senado de um plano de resgate de US$ 25 bilhões para a indústria automobilística. “O Congresso deveria em vez disso acelerar os outros US$ 25 bilhões já destinados à indústria automobilística (...), mas apenas para aquelas empresas que fizerem as escolhas difíceis e a estruturação necessária para se tornar viáveis sem subsídios adicionais dos contribuintes”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. Também ontem, o presidente da GM do Brasil (GMB) e Mercosul, Jaime Ardila, fez uma tentativa de acalmar o mercado e pediu autorização à matriz para a liberação de US$ 1 bilhão, que seria utilizado em novos investimentos. É pouco provável que consiga. Os recursos seriam usados na fábrica de motores em Joinville (SC) e no Projeto Viva, que traz uma nova linha de veículos, entre eles, o sucessor do Corsa, que chegará no ano que vem. Os planos da GMB até 2012 levam em conta o bom desempenho do mercado nacional. Segundo Ardila, a previsão de faturamento para 2008 foi revista para baixo: de US$ 11 bilhões para R$ 9,5 bilhões.
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