Fruto ou não de um desejo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (21) não apostar que o PSDB consiga unir os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) em uma mesma chapa à Presidência no ano que vem.
Aécio abriu mão da pré-candidatura na semana passada. Em privado, diz querer lançar-se ao Senado, apesar dos apelos da cúpula tucana para que dispute a vice, tendo Serra na cabeça de chapa. Para o partido, uma dobradinha seria fundamental à eventual vitória da oposição.
"Eu não sei se dois tortinhos, dois tostões... se saem bem no mesmo time", disse o presidente em um café da manhã com os jornalistas que cobrem o Planalto.
A frase faz alusão aos craques do futebol Garrincha, que tinha as pernas tortas, e a Tostão, mineiro reconhecido como um dos grandes jogadores do país.
O presidente informou que ainda não conversou com o governador de Minas após a decisão, mas irá procurá-lo ao final das festas de natal e ano-novo.
Lula indicou a razão de querer uma disputa plebiscitária entre Serra e sua pré-candidata, ministra Dilma Rousseff: fica mais fácil transferir votos numa disputa polarizada.
É exatamente por conta dessa lógica que não descarta conversar com seu aliado, deputado Ciro Gomes (PSB), a quem desfilou uma série de elogios nesta manhã. Ciro é pré-candidato à Presidência e, ao que consta nas pesquisas, tem ajudado Dilma tirando votos do tucano paulista.
"Se eu perceber que o momento político não comporta dois candidatos da base, eu vou discutir com ele."
Houve recado também ao PT de São Paulo. Nas palavras do presidente, o PT "precisa procurar seu José de Alencar", em referência a 2002, quando escolheu seu vice no setor empresarial para ganhar a diferença de votos - em geral os mais conservadores - necessária para vencer as eleições daquele ano.
Segundo ele, a sigla sempre procura no Estado aliados no espectro político de sempre: a esquerda.
"É a soma do zero com o zero", resumiu.
O conselho poderia facilmente ser estendido a Estados onde o PT impõe dificuldades a uma aliança local com PMDB - imprescindível à formação do consórcio nacional que tenta empreender.
Lula elogiou o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). Disse tratar-se de um bom companheiro, mas não fez o gesto esperado por Temer de rever a defesa feita alguns dias atrás de uma lista tríplice para escolha do vice na chapa de Dilma.
O peemedebista é o principal cotado ao posto dentro do partido, e não gostou nada do comentário de Lula sobre a inclusão de novos nomes.
Uma coisa é certa, argumentou o presidente, a vaga de vice tem mesmo de ficar com o PMDB.
Fonte: Brasil Econômico.
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