A direção do PT reagiu com indiferença à notícia de que o ex-embaixador do Brasil em Cuba Tilden Santiago está decidido a deixar o partido, devido às pressões que vem sofrendo para sair do governo Aécio Neves (PSDB), em que ocupa cargo de assessor de Meio Ambiente na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O vice-presidente estadual do PT, Chico Simões, disse que, ao trocar de legenda, Tilden age com coerência, já que o PT decidiu por unanimidade, na congresso estadual do partido, em 29 de julho, proibir qualquer petista de participar do governo tucano, mantendo-se na oposição. “O Tilden está nos aliviando, evitando que a direção tome uma atitude mais drástica de expulsá-lo, como alguns chegaram a defender. Ele está sendo coerente. Se optou por caminhar ao lado de Aécio, a quem decidimos por unanimidade fazer oposição, o lugar dele não é o PT”, afirmou.
Desde o fim de junho, quando assumiu o posto na Cemig, Tilden entrou em rota de colisão com a direção do PT e agora, segundo confessou a interlocutores, estuda proposta de pelo menos quatro partidos – PSB, PDT, PPS e PCdoB – para se filiar até 5 de outubro, a tempo de concorrer a prefeito nas eleições do ano que vem. Tilden evitou confirmar que já tenha tomado a decisão de sair, como garantem fontes próximas a ele, mas afirmou ter sido procurado por mais três outras legendas ainda na quinta-feira, quando a notícia de sua saída foi divulgada pelo Estado de Minas. E lamentou que ninguém do PT tenha lhe telefonado.
Em conversas com amigos, Tilden confessou ter conversado sobre a troca de legenda com o governador e disse que fará o mesmo com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). O objetivo é ajudar a construir apoios suprapartidários a uma possível campanha de Aécio a presidente da República e de Pimentel, a governador. O prefeito, que estará hoje em São Paulo como delegado do 3º Congresso Nacional do PT, que termina domingo, só deve se encontrar com Tilden na semana que vem, mas disse ontem que não vê razões para que ele deixe a legenda, já que o partido previu uma licença, enquanto estiver na Cemig. “O PT não impôs a saída a ele. Se for uma decisão de foro íntimo, teremos que acatar, mas não vejo necessidade política para isso”, afirmou.
Do mesmo grupo político de Tilden, Chico Simões conta que, durante o congresso estadual do partido, tentou convencê-lo a deixar o cargo na Cemig. “Eu, Romênio Pereira (secretário nacional de Organização do partido) e outros companheiros chegamos a ser duros com ele, dizendo que a atitude causava mal-estar, constrangimento e que era inadmissível”, relata. Segundo ele, Tilden argumentou que o cargo era técnico e pediu uma reunião com a direção. Em encontro com a executiva, o ex-embaixador reafirmou que não tinha intenção de deixar o governo e ganhou um prazo para se licenciar.
Um comentário:
nada como um cargo importante e bem fornido de recursos para comprar a alma de um homem.
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