O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o governo
em julho, usou mais uma vez as redes sociais para negar que esteja
trabalhando para fragilizar a presidente Dilma Rousseff com a votação de
uma "pauta-bomba" e abertura de CPIs incômodas ao Palácio do Planalto.
"A tentativa de alguns de me colocar como vilão das contas públicas por
retaliação ao governo não tem amparo na realidade dos fatos", reclamou
em sua conta no Twitter na tarde deste domingo, 9. "Sei bem os riscos
que sinais equivocados podem causar na avaliação do grau de investimento
do País e não compactuo com isso", afirmou. "É preciso parar de
especular e tratar as coisas com mais seriedade", afirmou Cunha.
"Tentar
esconder a real situação de fragilidade do governo sem base na Câmara
me culpando pelas suas derrotas é querer não enfrentar o problema",
defendeu-se. "A verdade nua e crua é que não existe base do governo".
Cunha tem transferido para o Colégio de Líderes a responsabilidade
pelas votações, como a que aprovou a emenda à Constituição que reajusta
salários de advogados e defensores públicos e delegados, na semana
passada.
"Presidente da Câmara não é o dono da Câmara e nem do voto dos deputados", escreveu.
Cunha comparou a votação da semana passada à aprovação pela Câmara,
em 2009, de emenda constitucional que aumentava o salário de policiais
militares e bombeiros. Na época, o presidente da Câmara era o atual
vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB)."Em 2009, Michel Temer
como presidente da Câmara não conseguiu impedir a votação da PEC 300,
de autoria do senador Renan Calheiros. Nem conseguiu impedir a violação
do fim do fator previdenciário, que foi vetado por Lula. Isso não quer
dizer que Michel estava contra as contas públicas. Foi a vontade da Casa
naquele momento, que ele teve que aceitar", disse Cunha.
O peemedebista também negou ter instalado novas CPIs para trazer
novos problemas ao governo. A que mais preocupa o Planalto é da CPI do
BNDES.
"Se a vez eram dessas CPIs,o que me restava fazer a não ser cumprir a
minha obrigação. Não fui eu que protocolei as CPIs. E mais: as CPIs são
regimentais, funcionam cinco simultâneas e na ordem de protocolo",
disse.
Cunha lembrou que projetos problemáticos para o governo, por
implicarem em aumento de gastos, têm sido aprovados com votos de
parlamentares do PT e outros partidos governistas.
"É preciso parar com essa fantasia de que sou responsável pelo
resultado das votações,como se eu fosse capaz de convencer a todos. Sem
reagrupar a sua base e constituir uma maioria sólida, o governo
continuará com problemas e sofrendo derrotas. Agora, não cabe a mim
constituir a maioria que o governo não tem para vencer votações no
plenário da Câmara".
Cunha negou que o fato de ter rompido com o governo esteja ligado à
"pauta-bomba" da Câmara. "E convencer por um motivo de retaliação. Será
que todos se submeteriam a isso? E os votos de deputados que me fazem
oposição aberta, tais como os do PT?", questionou. (Fonte: Estadão).