Prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel diz que não fará campanha para o ex-governador e partido indica suplentes na tentativa de conter crise.
Por Alessandra Mello e Patrícia Aranha do Estado de Minas.
No segundo dia da campanha eleitoral, o PT mineiro explicitou seu racha. Depois de uma semana tensa em que os petistas que resistem a candidatura de Newton Cardoso (PMDB) ao Senado, tentaram até o penúltimo dia do prazo eleitoral, na terça-feira, que o presidente do partido, Nilmário Miranda, aceitasse a decisão do encontro estadual e indicasse um segundo candidato do PT ao Senado na mesma coligação, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), avisou que não fará campanha para Newton. No mesmo momento em que o prefeito dava entrevista, o diretório estadual anunciava oficialmente os suplentes do candidato da coligação ao Senado. Os nomes foram escolhidos depois de um jantar entre Newton, Nilmário, os deputados Virgílio Guimarães e Rogério Correia, que durante a convenção da última sexta-feira, defendiam a candidatura própria. Nos últimos dias, o PT nacional e o Planalto se apressaram em desmentir qualquer pressão em favor de Newton durante a convenção, em que o ex-presidente Itamar Franco perdeu a indicação para o Senado. Newton tem se vangloriado de uma suposta "amizade antiga" com Lula, mas três petistas que participaram da reunião entre o presidente, o vice José Alencar, ministros do PT mineiro, Nilmário, o prefeito Fernando Pimentel e os peemedebistas que acompanharam Newton em Contagem, garantem que Lula nunca orientou os petistas a abrirem mão da candidatura própria em favor de Newton. Não faltaram pressões do PMDB, mas Lula preferiu falar pouco. Cautelosos com o clima tenso no PT, Nilmário e Newton começaram a campanha em suas bases eleitorais: Contagem e Pitangui. No primeiro dia, em caminhada na capital, sem Newton, Nilmário não contou com a companhia do prefeito Fernando Pimentel Tentativa Na tentativa de demonstrar unidade, o PT convocou o diretório estadual para anunciar oficialmente os suplentes de Newton Cardoso e negou que o partido tenha tido dificuldades para fazer essa escolha, por causa da resistência interna ao nome do ex-governador. O anúncio dos suplentes, o ex-diretor da Delegacia Regional do Trabalho, Carlos Calazans,, e o ex-prefeito de Ilicínea, no Sul de Minas, José Nicodemos de Oliveira, conhecido como Zezão, foi feito pelo deputado federal Virgílio Guimarães. Falando em nome de Nilmário, ele afirmou que a escolha é a "prova cabal e definitiva" de que o PT entrou "nessa eleição para ganhar" e que a chapa para o Senado "tem o rosto do PT histórico e demonstra que o partido conseguiu superar as arestas da montagem da coligação". Ele admitiu que a escolha do nome de Newton, adversário de longa data do PT mineiro, trouxe tensões para dentro do partido, mas negou que nenhum petista queria aceitar ser suplente do ex-governador. Na quarta-feira, o PT registrou como suplente no TRE dois nomes provisórios até conseguir chegar a um acordo sobre os indicados. Segundo Virgílio, Calazans foi escolhido por ter "inteira confiança do Pimentel", apesar de não ter sido indicado por ele, e pela sua capacidade de agregar votos para a campanha de Newton na região metropolitana, onde o candidato teria mais dificuldades. O nome do ex-governador foi citado apenas uma vez durante o anúncio dos suplentes. Em todas as outras, foi chamado de "titular da vaga do Senado". Primeiro suplente de Newton, Calazans disse que aceitou desistir de sua candidatura a deputado estadual para aceitar a "missão" e disse que sua escolha contou com o aval do presidente Lula, do vice-presidente José Alencar e do prefeito da capital.